O estilo não é uma opção! Todas vocês têm um, quer queiram, quer não. Cada detalhe, cada escolha, cada gesto comunica algo, mesmo quando não têm consciência disso. Até aquele look mais “descuidado” ou “sem graça” é um estilo. Não há neutralidade na forma como nos apresentamos ao mundo. Mesmo quando dizemos que vestimos “a primeira coisa que apareceu à frente”, estamos a contar uma história. E essa história fala sobre nós. A verdade é simples: toda a gente tem um estilo, mas nem toda a gente é estilosa. Isto pode até parecer um jogo de palavras, mas há uma distinção clara entre ambos os conceitos. Como consultora de imagem, digo frequentemente às minhas clientes: o estilo é inevitável, mas ser estilosa é uma escolha consciente. Todos os dias, mesmo sem pensar, estamos a comunicar uma imagem. Através da roupa, do cabelo, das cores, dos acessórios, da postura, da forma como caminhamos ou nos sentamos. O estilo é, no fundo, uma expressão visível das nossas escolhas, dos nossos hábitos, dos nossos gostos e, sim, também das nossas inseguranças e da nossa autoestima. Mas ser estilosa vai muito além disso. Ser estilosa é ter intenção. É haver coerência entre quem somos e aquilo que mostramos. É ter carisma, seja na simplicidade ou na exuberância. Não se trata de seguir tendências, nem de encher o armário com peças caras. Trata-se de autoconhecimento: vestir aquilo que faz sentido para o nosso corpo, a nossa rotina, os nossos gostos, a fase de vida em que estamos e, sobretudo, os nossos valores. Uma mulher estilosa não se esconde atrás da roupa, usa-a para se revelar. Vivemos numa era de excesso. Confundimos estilo com quantidade. Achamos que precisamos de mais… mais peças, mais cor, mais impacto, mais moda, mais caro. Mas o verdadeiro estilo não está no “mais”. Está na capacidade de escolher bem: o que nos favorece, o que nos representa, o que nos faz sentir bem, bonitas, confiantes e alinhadas connosco mesmas. É precisamente aqui que entra o meu trabalho. Ajudar cada mulher a descobrir o seu estilo autêntico e a transformá-lo numa imagem com propósito, presença e poder. Porque, no fim de contas, qualquer pessoa pode vestir-se. Mas ser estilosa? Isso é uma arte. E sim, está ao alcance de todas. Seja qual for a vossa abordagem, lembrem-se: o vosso estilo é uma forma de comunicação e de expressão da vossa individualidade. Logo, é importante garantir que ele transmita não apenas o que querem que os outros entendam, mas também o que desejam sentir. E deixem-me dizer-vos algo de forma muito clara:
Vão mesmo desperdiçar este superpoder? Agora pergunto: estão felizes com o vosso estilo? Se a resposta for “não”, o que vos impede de mudar isso? Vocês merecem sentir-se fabulosas todos os dias. Se precisarem de ajuda, saibam que estou aqui para orientar, para inspirar e para caminhar convosco neste processo de reencontro com a vossa imagem mais verdadeira.
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Quantas vezes, ao longo da vida, colocamos tudo e todos à frente de nós? Os filhos, o trabalho, a casa, os compromissos, as mil e uma tarefas do dia a dia… E, sem darmos por isso, vamos ficando para segundo plano. Todos os dias, fazemos escolhas, e muitas delas envolvem colocar os outros à frente das nossas próprias necessidades. Na busca constante por cuidar e servir, muitas vezes esquecemo-nos de cuidar de nós mesmas. A vida vai-nos levando, e vamos acumulando papéis: mães, profissionais, filhas, companheiras, amigas. E, para muitas de nós, soma-se ainda o papel exigente de cuidadoras dos nossos pais, um trabalho invisível e emocionalmente desgastante, tão ou mais exigente do que cuidar de crianças. Esse desgaste, muitas vezes, faz com que nos sintamos exaustas, desanimadas, desconectadas de quem realmente somos. E, lentamente, a nossa essência vai sendo deixada para trás. No meio de tanto dar, esquecemo-nos de receber. Esquecemo-nos de cuidar de quem mais precisa de nós: nós mesmas. É fundamental que, em algum momento, nos permitamos parar e refletir sobre isso. Quantas vezes, ao longo dos anos, deixamos de lado os nossos desejos, os nossos sonhos, as nossas paixões, as nossas necessidades, porque estávamos sempre a olhar para fora de nós? Ao longo do tempo, a nossa energia vai se esgotando, e o espaço para o nosso autocuidado vai diminuindo. O que precisamos entender é que não podemos dar o melhor de nós mesmas, se não nos colocarmos primeiro. "Esqueci-me de mim? Nunca!" deve ser o nosso mantra. E não, não se trata de egoísmo. Trata-se de amor-próprio. De autorrespeito. De força e de sabedoria. De reconhecer que cuidar de nós mesmas não é um luxo, é uma necessidade vital. Quando decidimos colocar-nos no centro da nossa vida, abrimos espaço para a transformação, para o reequilíbrio, para o reencontro com a nossa verdadeira essência. Como consultora de imagem, vejo todos os dias mulheres incríveis que redescobrem a sua essência ao cuidarem da forma como se apresentam ao mundo. A imagem, muitas vezes, é vista apenas como um reflexo superficial do que somos. No entanto, a forma como nos apresentamos ao mundo não é apenas uma questão estética, é um reflexo direto do que sentimos por dentro. A nossa imagem é um espelho do que acreditamos merecer, do quanto nos respeitamos e do quanto nos amamos. E isso tem um impacto profundo na forma como nos sentimos e como os outros nos percebem. Somos um todo — alma, mente e corpo — e todas estas dimensões merecem atenção, carinho e equilíbrio. Cuidar da nossa imagem é, antes de tudo, um ato de autovalorizarão. Quando escolhemos dar atenção à nossa aparência, estamos a enviar uma mensagem ao nosso subconsciente: “Eu mereço. Eu importo. Eu sou prioridade.” A imagem não é superficial, é apenas o ponto de partida. Ela serve como uma ponte entre o que somos por dentro e o que mostramos ao mundo. Quando nos sentimos bem com a nossa imagem, isso se traduz numa postura mais confiante, numa energia mais positiva e numa presença mais forte. Ao cuidarmos de nós, não estamos apenas a mudar a nossa aparência, estamos a transformar a forma como nos sentimos, como nos relacionamos e como vivemos. Quando nos escolhemos, quando decidimos ser prioridade, tudo à nossa volta se transforma: a forma como nos movemos, a energia que transmitimos, a confiança que emanamos. Quando começamos a dar mais atenção a nós mesmas, algo mágico acontece. A nossa energia muda. Passamos a mover-nos com mais leveza, a comunicar com mais confiança, a irradiar uma força que vem de dentro. A postura corporal, os gestos, o olhar, tudo começa a refletir a transformação interna. Aos 40, 50, 60… não é tarde. É agora. A sociedade muitas vezes impõe uma narrativa de que a juventude é a melhor fase da vida. Mas a verdade é que nunca é tarde para nos reinventarmos. Aos 40, 50, 60… temos uma bagagem de vida rica em experiências, sabedoria e resiliência. Esta fase da vida é uma oportunidade única de nos reconetarmos com o que realmente importa. De nos olharmos ao espelho com um novo olhar, mais maduro, mais autêntico, mais em sintonia com o nosso verdadeiro ser. De mulher para mulheres, digo-vos que por aqui vamos sempre valorizar quem somos, com tudo o que a vida nos ensinou e com tudo o que ainda queremos conquistar. Vamos reaprender a olhar para nós com carinho, com respeito, com admiração. Vamos deixar de lado a culpa de cuidar de nós mesmas e vamos nos lembrar, todos os dias, que também temos lugar na nossa própria agenda. Porque merecemos. Sempre. O que é que nos impede de escolhermos a nós mesmas? O medo de sermos vistas como egoístas? A crença de que não merecemos? Se conseguimos ser fortes e resilientes por todos os outros, por que não o seremos por nós? Este é o meu convite: que se coloquem em primeiro lugar, sem culpas e sem remorsos. A vossa imagem profissional deve transmitir profissionalismo, mas também deve refletir a vossa verdade. A coerência entre a vossa imagem e quem realmente são é o que vos distingue de todas as outras pessoas. Essa é a vossa impressão digital visual, o vosso superpoder. Sejam únicas! Não se tornem clones.
Deixem-me contar-vos os episódios que me levaram a escrever este texto. Há algum tempo, inscrevi-me numa mini formação online. Estava bem estruturada, clara, pedagógica, e a professora que há em mim reconheceu logo tanto o valor do conteúdo como da forma. Gostei tanto que decidi seguir a formadora no Instagram. Mas, para minha surpresa, não a reconheci de imediato. Quando vi as imagens dos seus posts promocionais, pensei que fosse uma irmã ou uma sócia. Nos vídeos da formação, ela surgia simples e natural. Mas, na estratégia de marketing, na hora de vender, parecia outra pessoa, quase irreconhecível. E pior: igual a tantas outras. Um clone visual. Atenção! Não tenho nada contra sessões fotográficas profissionais. Pelo contrário, qualidade na imagem é essencial. O problema surge quando essa imagem não reflete a realidade, quando a autenticidade dá lugar a um molde imposto. Quando vejo esse tipo de post, causa-me estranheza ver toda a gente de blazer e de braços cruzados porque, sim, essa pose passa autoridade, mas também cria distanciamento. Note-se que também não tenho nada contra blazers, se realmente fazem parte do vosso dia a dia. Se os usam em reuniões, em eventos, nos momentos de lazer, se fazem parte do vosso estilo pessoal. Mas, se os vestem apenas para a fotografia, estão a criar uma personagem. Noutra situação, assisti a uma palestra onde a oradora tinha uma identidade visual bem definida, um estilo retro e feminino, presente em vários dos seus conteúdos nas redes sociais. Mas, quando fez uma sessão fotográfica profissional para o Instagram, perdeu parte dessa identidade. E lá estava o blazer eternizado na imagem. Um blazer que nunca a vi usar, nem mesmo quando falou na televisão ou na rádio. Fiz scroll pela sua página, quase sempre coerente em termos de estilo, e não há vestígios dessa peça nos seus looks. Bom, pelo menos, não cruzou os braços para a foto! Sabem o que mais me choca nestes casos? Primeiro, é a perda de personalidade visual. Depois, é perceber que a produção toda só acontece com o intuito de vender. Quando chega a hora de prestar o serviço, essa mesma pessoa já não se preocupa em manter a coerência na sua imagem. Acontece que os clientes não estão na fotografia, estão a ver os vídeos, estão no atendimento cara a cara, na interação real. Quando a imagem colocada nas estratégias de marketing não bate certo com a realidade, parte da confiança quebra-se e a autoridade profissional dilui-se. Por que razão permitem que vos transformem em algo que não são? Sim, a pose de braços cruzados transmite autoridade, confiança e segurança. Mas também pode sugerir distanciamento e frieza. Tornou-se um cliché repetitivo que, em muitos casos, quebra a proximidade e dificulta a comunicação. Fica o exercício: desafio-vos a olharem bem para os outdoors onde estão agentes imobiliários! Quantos estão de braços cruzados? Se o vosso objetivo é atrair clientes, sugiro que a vossa imagem reflita profissionalismo aliado a proximidade e confiança. Não precisam de usar blazer para parecer profissionais. Não precisam de vestir vermelho para transmitir poder. Não precisam de cruzar os braços para exibir confiança. Precisam, sim, de ser coerentes, autênticas e de construir uma imagem que seja vossa, não um molde imposto pelo marketing previsível. O vosso superpoder está na identidade, na autenticidade, no que vos torna únicas. Arranjadas e profissionais, sempre! Clones sem identidade, nunca! Se sentirem dificuldades na conceção dessa imagem, comecem por embarcar numa viagem de autoconhecimento, numa aprendizagem de como expressar quem são através do vosso estilo pessoal, e só depois eternalizem o vosso brilho e verdade com fotografias profissionais e de alta qualidade. Nota final: Adoro blazers e adoro vermelho! Já alguma vez se sentiram desconfortáveis por estarem bem vestidas? Aquela sensação subtil de que, de repente, o vosso estilo se tornou um problema para os outros? Comentários como "Onde é que vais assim?", "Tanta produção para quê?" ou "Vais para uma festa e ninguém te avisou?" podem parecer inofensivos, mas carregam um tom passivo-agressivo que não deve ser ignorado.
A verdade é que a forma como nos apresentamos ao mundo é um reflexo de quem somos e de como nos sentimos. E, por vezes, essa confiança, traduzida em roupa que nos faz sentir bonitas, cabelo arranjado e postura segura, pode despertar desconforto em quem ainda não encontrou essa segurança em si mesmo. É como se, de repente, o brilho de uma mulher que está bem consigo mesma se tornasse um espelho que reflete as inseguranças alheias. Mas, minhas queridas, esses comentários dizem muito mais sobre quem os faz do que sobre vocês. Se se sentem bem, se a vossa imagem é um reflexo do vosso interior e se estão alinhadas com a ocasião (porque, claro, cada contexto “necessita” de alguma adequação), então porque haveriam vocês de se diminuir para caber nas expectativas dos outros? A nossa imagem é uma forma de comunicação poderosa. Ela fala, transmitindo a nossa identidade, a nossa força e a nossa essência. Comunica aquilo que consideramos ser o nosso valor. Quando nos vestimos com intencionalidade, quando escolhemos peças que nos fazem sentir confiantes e alinhadas com quem somos, estamos a fortalecer a nossa autoestima. E isso, por si só, já é uma forma de resistência contra padrões impostos e expectativas externas. A verdade é que quem está em paz consigo mesmo nunca se sente ameaçado pelo brilho dos outros. Quantas vezes nós, mulheres, fomos ensinadas a minimizar-nos para não parecermos "demasiado"? Demasiado vaidosas, demasiado confiantes, demasiado vistosas, demasiado diferentes? Chegou o momento de ressignificar essa ideia. Se o vosso estilo chama a atenção, que seja porque exala segurança e nunca porque aparenta resignação e desistência. Portanto, se alguma vez se sentiram julgadas ou questionadas por estarem arranjadas, lembrem-se disto: a vossa confiança pode incomodar, mas isso não é um problema vosso. Continuem a expressar a vossa personalidade através do estilo e a brilhar sem pedir permissão. Porque quando nos vestimos para nós mesmas, respeitando quem somos e como queremos sentir-nos, não há opinião alheia que nos possa apagar. Sorriam, ergam a cabeça e continuem a ser fabulosas! Na minha prática atual de consultoria de imagem a análise do biótipo corporal vai muito além de simplesmente identificar silhuetas. É um processo abrangente que requer uma compreensão profunda da individualidade corporal, aliada aos objetivos e personalidade de cada mulher.
Para tal, é essencial considerar as proporções e os volumes do corpo e o modo como as diferentes partes se relacionam entre si. Paralelamente, é fundamental levar em conta as especificidades adicionais de cada corpo, como curvas mais suaves ou ângulos mais definidos, a textura da pele, tipo de cabelo, eventuais marcas e sinais, varizes, celulite, postura, assimetrias, entre outros fatores. Esta abordagem tridimensional permite não apenas identificar a melhor estratégia para valorizar os pontos fortes, tendo em vista a confiança corporal, mas possibilita também a construção de uma imagem autentica que reflete a essência e a individualidade de cada cliente. E sabem uma coisa? A noção de pontos fortes corporais é subjetiva! Se algumas mulheres desejam parecer mais altas, outras querem parecer mais baixas, se uma gosta do seu rabiote arrebitado, outra quer disfarçar essa caraterística, se uma adora o sinal que tem no ombro, outra não gosta de um sinal que tem no pescoço… Nesse sentido, quando faço menção a uma análise tridimensional, não me refiro apenas às vertentes físicas, mas também ao modo como cada cliente se sente no seu corpo, na relação que tem com a sua própria imagem refletida no espelho, como se move no mundo e a influencia que isso tem nas escolhas que faz quando opta por uma peça em detrimento de outra. Não somos apenas corpos, somos seres complexos, com papeis a desempenhar, sonhos, objetivos, crenças, inseguranças, medos, gostos e tantos outros fatores que nos moldam. É essa pluralidade que deve ser considerada ao trabalhar a imagem pessoal, o estilo e a confiança corporal. Por tudo isto, sempre que lerem um artigo sobre este assunto, lembrem-se de que um estilo fabuloso é sempre rico em nuances e complexidades, não pode ser reduzido a uma só dimensão! Lila, porque razão já fizeste posts com roupa em segunda mão? Não são peças sem estilo e difíceis de usar? Eis duas questões que ouvi enquanto efetuava uma consultoria de imagem.
Pois bem, o objetivo dessa rubrica foi consciencializar as minhas clientes e leitoras para o potencial deste tipo de roupa promovendo com isto o Eco Style. Adotar um estilo sustentável vai além da compra de roupa ética. Para mim este processo deve iniciar com o bom uso que damos a todas as peças que possuímos. Se foi comprado é para ser usado! Muitas vezes! Até porque, para que um look seja moderno, não temos de usar fast fashion acabadinho de chegar às lojas. É perfeitamente possível ter uma aparência atual, jovem e mesmo fashionista com roupas em segunda mão, tenham elas uns meses ou vários anos. Nunca é demais frisar que numa composição visual, muito mais importante do que uma determinada peça é a forma como se conjuga essa peça. É isso que, em conjunto com outros detalhes como cabelo e maquilhagem, dita o resultado final do look. Por outro lado, como a roupa mais sustentável é aquela que já existe, para mim fez todo o sentido ilustrar formas de uso de peças com histórias para que vocês se inspirem a dar-lhes uma nova narrativa. Não concordam? Por aqui, vestir com personalidade, com propósito e com vontade de tornar este mundo melhor será sempre a melhor opção. Hoje acordei cansada. Passo pelo espelho, vejo o meu reflexo e dou por mim a pensar... Por que razão aquela mulher teima em estar ali a olhar para mim? Aquela pessoa não sou eu! Ou sou? Como é a minha verdadeira imagem? Por que motivo, tantas vezes, mais do que as desejáveis, não gostamos do que vemos nesse objeto aparentemente inofensivo? E sem dar conta, o meu pensamento voa até às minhas fotografias. Sim, porque quanto a mim, essas danadinhas conseguem ser ainda mais cruéis do que os espelhos! Será que todas nós sentimos o mesmo? Mas afinal qual será a nossa imagem real? A que nos é devolvida pelo espelho ou a que nos é dada por uma simples fotografia que não foi sujeita a filtros ou a Photoshop? Ambas? Nenhuma delas? Entre estas duas hipóteses, a minha resposta é, sem dúvidas, a imagem do espelho. Uma fotografia é estática, capta um momento, imortalizando o facto de naquele preciso instante termos o cabelo desgrenhado, olheiras profundas, os olhos avermelhados, ou outro pormenor que nos desagrada. Ora, acontece que o ser humano não é estático. Em frente ao espelho, por mais quietas que estejamos, há sempre o movimento subtil da respiração, um piscar de olhos, pequenos jeitos que fazem toda a diferença, tornando-nos mais atraentes e mais genuínas. Porém, a realidade é que nenhuma das duas hipóteses corresponde à forma como somos percecionados pelos outros. Porquê? Simplesmente porque as emoções que despertamos noutra pessoa, em termos de imagem, dependem sempre dos olhos de quem nos observa. Advém dos seus gostos, do seu conceito de beleza e de estética. Espantosamente, esta constatação significa que, provavelmente, temos uma imagem diferente para cada uma das pessoas que um dia se dignou a reparar em nós, já que o que atrai e cativa uns poderá causar uma total indiferença a outros tantos. Sabendo isto, não parece nada sensato procurar ter uma imagem que agrade aos mais de sete biliões de seres humanos que coabitam connosco neste planeta, pois não? Então, como saber qual é a nossa imagem mais real, se a própria realidade é interpretada, individualmente, por cada ser humano? Não haverá resposta? Sim, há! A nossa imagem mais real, a que importa, é aquela que está de acordo com a nossa essência, aquela que de algum modo consegue estar em harmonia com a nossa personalidade, o nosso carácter, os nossos gostos pessoais e a nossa forma de estar no mundo. Se nos permitirmos fazer a conexão entre o nosso exterior e interior, expressando quem somos, essa é a nossa imagem mais real. Não somos invisíveis, nem quando o queremos ser! Isto é um facto! Logo, todas temos uma imagem. Se não é razoável agradar a toda a gente, faz todo o sentido ter uma imagem que nos agrade a nós. A forma como nos sentimos quando encaramos a imagem que vemos no espelho depende, essencialmente, de nós. Os espelhos são inofensivos, mas os nossos pensamentos não são! Uso roupa em segunda mão há muito tempo e sou adepta de dar o máximo uso a cada uma das peças que me passam pelas mãos. O vestido da minha comunhão solene, por exemplo, foi adaptado para mim, depois de ter pertencido à minha prima mais velha. As roupas da minha filha foram passadas de mão em mão e usadas sucessivamente por filhas de amigas e familiares.
Como mulher, mas também como consultora de imagem, considero que tanto pudemos estar estilosas com uma peça da última temporada, como com uma peça mais antiga e em segunda mão. Há itens antigos que, sendo intemporais, permanecem em excelente estado ano após ano e que encaixam como uma luva no nosso gosto pessoal. Estes achados têm ainda a grande vantagem de tornarem o nosso estilo único e repleto de personalidade. É o caso de um casaco leopardo, em pelo sintético, que pertenceu à minha mãe. Com mais de 30 anos, este item foi comprado por ela para uma ocasião especial. Posteriormente, foi usado inúmeras vezes, tendo permanecido no seu armário até 2019, altura em que decidiu desfazer-se dele, passando-o para mim. Sorte a minha pois, sendo vintage, ele está completamente atual e em excelente estado. Para além disso, sempre gostei dele e agora ele é meu! Só por curiosidade, tenho várias peças que tiveram outras donas. Eram da minha mãe, de amigas, da minha sogra. A mais antiga? É um casaco que pertenceu à avó do meu marido! Dito isto, quero deixar claro e sem hipocrisia alguma que gosto e sempre gostei muito de roupa e de moda. Continuo a comprar roupa nova, contudo sou muito mais criteriosa e, neste momento, só a adquiro se fizer sentido na minha vida. Leia-se, achar que a vou usar muito. Estou mesmo a tentar ser melhor para o planeta, integrando o Eco Style no meu comportamento e tentando incuti-lo também nas minhas clientes e formandas. Derrapagens? Sou humana, gosto de roupa, logo também as faço, mas felizmente são cada vez menos! Para terminar, quando for oportuno, gostaria de vos desafiar a procurarem nos roupeiros das vossas familiares, ou amigas, peças que estando esquecidas são do vosso agrado. Há tantas preciosidades escondidas por aí, vamos dar-lhes uma nova oportunidade? (retirado do arquivo -2020)
Nos últimos tempos esta reflexão tornou-se mais pertinente. Afinal, mesmo sem darmos conta, todas tivemos a oportunidade de testarmos o nosso comportamento no que concerne a esta matéria. Já alguma vez pensou nisso? Como responde a esta questão? Por causa dos números da pandemia e/ou de isolamento obrigatório, vimo-nos obrigadas a passar muito mais tempo em casa. Abarcada por este cenário como se vestiu? Qual foi a sua relação com a sua roupa e com a sua imagem? Andou mais desarranjada, ou manteve algum cuidado? Pertence ao grupo de mulheres que quando sai de casa está impecável (porque tem os olhares exteriores postos em si), mas que quando permanece dentro de quatro paredes descuida-se (porque “ninguém” a vai ver)? Ou mantém a coerência e preocupa-se sempre com o que veste, mesmo quando dá primazia ao conforto? E face à sua atitude, como se sentiu consigo mesma? Acha que se teria sentido de outra forma se o seu procedimento tivesse sido outro? Atenção, aqui não há lugar para respostas certas ou erradas, o objetivo deste post é que cada uma faça uma autoanálise, sem julgamentos externos. Isto porque muitas vezes, mais do que as desejáveis, emitimos pareceres e críticas para com os outros sem pensarmos primeiro na sua congruência com as nossas ações individuais. Apesar de tudo o que referi, não posso deixar de dizer que tendo em mente a autoestima, considero que é sempre um bom princípio vestir-se para si mesma em primeiro lugar. Por norma, as pessoas que o fazem tem uma relação mais saudável com a autoimagem, emanando um carisma e uma atitude inigualáveis. Hipocrisias à parte, claro que a opinião dos outros é importante e que a validação social tem o seu valor, mas não é, pelo menos não deveria ser, o fator primordial para que cuidemos de nós. Relativamente a mim, de certeza que se estão a perguntar como andei por casa, mantive todos os dias um estilo casual mas cuidado, como sempre faço. Optei por calças desportivas, tipo pantalonas, em malha de seda, ou por joggers (confesso que em casa não gosto de usar calças de ganga). Coordenei com peças cómodas fossem elas malhas, sweaters ou blusas. Nos pés coloquei sempre sapatilhas, escolhidas de acordo com o outfit do dia. Complementei com brincos, anéis e colares, nem sempre em simultâneo. Alinhei as sobrancelhas com gel transparente fixador, pincelei ao de leve as pestanas com máscara preta e adicionei babylips com cor aos lábios. No que diz respeito às raízes, solucionei o problema com a ajuda de quem me facultou a poção mágica de sempre, que apliquei em casa, o que me permitiu manter a cor e o aprumo do cabelo. Ah! E nunca, mas nunca permaneci o dia todo de pijama! Nunca o faço, exceto em caso de doença. Et voilá, esta sou eu quando estou em casa, hoje e sempre. Sei que me visto para mim, em primeiro lugar e para a família em segundo. Por isso, mesmo em casa, faço questão de me sentir bem com a minha imagem. Quanto a si, recordo que merece estar sempre no seu melhor. Não se esqueça que no mínimo há sempre dois olhos postos em si, os mais importantes, os seus! Para além disso, os espelhos continuam por aí e as câmaras dos computadores perseguem-nos mais do que nunca. Porém isso é assunto para outro dia. Cuide-se e faça por se sentir bem consigo própria. Hoje, enquanto folheava uma revista, deparei-me com mais um artigo no qual eram nomeados alguns itens para pormos de lado por estarem fora de moda!
Devemos deixar de usar uma peça, que aliás até adoramos, só porque ela já não é uma tendência? Não, não devemos. Sejam quais forem as tendências atuais, as peças que possuímos podem e devem ser usadas. Sublinho que há sempre formas contemporâneas de compor visuais com um item que seja vintage, clássico, ou menos atual. Por outro lado, recordo que não é ecológico, nem sequer uma "atitude moderna", e muito menos financeiramente inteligente, descartar o uso de peças das quais gostamos só porque nos dizem que estão fora de moda. Já pensou que é muito mais cativante sermos diferentes, vestindo com personalidade? Prefere ser uma cópia de uma "it girl" qualquer, que veste toda e qualquer “fast fashion” que surge no mercado? Ou, em alternativa, prefere ser uma mulher original e única, moderna, mas sem estar refém do que é moda? O animal print, nomeadamente leopardo, já não pertence às grandes tendências? As t-shirts statement também não? Perfeito, eu continuarei a usá-los, simplesmente porque gosto. Com a seguinte vantagem: se algo não é tendência o risco de encontrarmos alguém com uma peça semelhante diminui e isso, pelo menos para mim, é uma mais-valia. Se gostar de uma peça use-a e liberte-se de imposições limitadoras! Pode parecer um contrassenso uma consultora de imagem escrever isto, certo? Mas não é! Se por um lado estilo e moda não são, nem nunca foram, a mesma coisa. Por outro lado, numa consultoria de imagem feita com base numa abordagem coach e holística não há imposições, há orientação que conduzem à descoberta de uma imagem coerente, verdadeira e favorecedora. Para mim, a moda é mais uma ferramenta de trabalho, não é o foco e nunca será o alicerce. I Love Fashion, but I'm not obsessed with it. |
Reflexões sobre Estilo
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