Quantas vezes, ao longo da vida, colocamos tudo e todos à frente de nós? Os filhos, o trabalho, a casa, os compromissos, as mil e uma tarefas do dia a dia… E, sem darmos por isso, vamos ficando para segundo plano. Todos os dias, fazemos escolhas, e muitas delas envolvem colocar os outros à frente das nossas próprias necessidades. Na busca constante por cuidar e servir, muitas vezes esquecemo-nos de cuidar de nós mesmas. A vida vai-nos levando, e vamos acumulando papéis: mães, profissionais, filhas, companheiras, amigas. E, para muitas de nós, soma-se ainda o papel exigente de cuidadoras dos nossos pais, um trabalho invisível e emocionalmente desgastante, tão ou mais exigente do que cuidar de crianças. Esse desgaste, muitas vezes, faz com que nos sintamos exaustas, desanimadas, desconectadas de quem realmente somos. E, lentamente, a nossa essência vai sendo deixada para trás. No meio de tanto dar, esquecemo-nos de receber. Esquecemo-nos de cuidar de quem mais precisa de nós: nós mesmas. É fundamental que, em algum momento, nos permitamos parar e refletir sobre isso. Quantas vezes, ao longo dos anos, deixamos de lado os nossos desejos, os nossos sonhos, as nossas paixões, as nossas necessidades, porque estávamos sempre a olhar para fora de nós? Ao longo do tempo, a nossa energia vai se esgotando, e o espaço para o nosso autocuidado vai diminuindo. O que precisamos entender é que não podemos dar o melhor de nós mesmas, se não nos colocarmos primeiro. "Esqueci-me de mim? Nunca!" deve ser o nosso mantra. E não, não se trata de egoísmo. Trata-se de amor-próprio. De autorrespeito. De força e de sabedoria. De reconhecer que cuidar de nós mesmas não é um luxo, é uma necessidade vital. Quando decidimos colocar-nos no centro da nossa vida, abrimos espaço para a transformação, para o reequilíbrio, para o reencontro com a nossa verdadeira essência. Como consultora de imagem, vejo todos os dias mulheres incríveis que redescobrem a sua essência ao cuidarem da forma como se apresentam ao mundo. A imagem, muitas vezes, é vista apenas como um reflexo superficial do que somos. No entanto, a forma como nos apresentamos ao mundo não é apenas uma questão estética, é um reflexo direto do que sentimos por dentro. A nossa imagem é um espelho do que acreditamos merecer, do quanto nos respeitamos e do quanto nos amamos. E isso tem um impacto profundo na forma como nos sentimos e como os outros nos percebem. Somos um todo — alma, mente e corpo — e todas estas dimensões merecem atenção, carinho e equilíbrio. Cuidar da nossa imagem é, antes de tudo, um ato de autovalorizarão. Quando escolhemos dar atenção à nossa aparência, estamos a enviar uma mensagem ao nosso subconsciente: “Eu mereço. Eu importo. Eu sou prioridade.” A imagem não é superficial, é apenas o ponto de partida. Ela serve como uma ponte entre o que somos por dentro e o que mostramos ao mundo. Quando nos sentimos bem com a nossa imagem, isso se traduz numa postura mais confiante, numa energia mais positiva e numa presença mais forte. Ao cuidarmos de nós, não estamos apenas a mudar a nossa aparência, estamos a transformar a forma como nos sentimos, como nos relacionamos e como vivemos. Quando nos escolhemos, quando decidimos ser prioridade, tudo à nossa volta se transforma: a forma como nos movemos, a energia que transmitimos, a confiança que emanamos. Quando começamos a dar mais atenção a nós mesmas, algo mágico acontece. A nossa energia muda. Passamos a mover-nos com mais leveza, a comunicar com mais confiança, a irradiar uma força que vem de dentro. A postura corporal, os gestos, o olhar, tudo começa a refletir a transformação interna. Aos 40, 50, 60… não é tarde. É agora. A sociedade muitas vezes impõe uma narrativa de que a juventude é a melhor fase da vida. Mas a verdade é que nunca é tarde para nos reinventarmos. Aos 40, 50, 60… temos uma bagagem de vida rica em experiências, sabedoria e resiliência. Esta fase da vida é uma oportunidade única de nos reconetarmos com o que realmente importa. De nos olharmos ao espelho com um novo olhar, mais maduro, mais autêntico, mais em sintonia com o nosso verdadeiro ser. De mulher para mulheres, digo-vos que por aqui vamos sempre valorizar quem somos, com tudo o que a vida nos ensinou e com tudo o que ainda queremos conquistar. Vamos reaprender a olhar para nós com carinho, com respeito, com admiração. Vamos deixar de lado a culpa de cuidar de nós mesmas e vamos nos lembrar, todos os dias, que também temos lugar na nossa própria agenda. Porque merecemos. Sempre. O que é que nos impede de escolhermos a nós mesmas? O medo de sermos vistas como egoístas? A crença de que não merecemos? Se conseguimos ser fortes e resilientes por todos os outros, por que não o seremos por nós? Este é o meu convite: que se coloquem em primeiro lugar, sem culpas e sem remorsos.
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Reflexões sobre Estilo
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